A antiga senzala da Casa dos Baptista, localizada na Avenida Flores da Cunha, em Cachoeirinha, tombada como patrimônio histórico municipal, está com a estrutura severamente comprometida. A denúncia foi feita pelo coletivo Mato do Júlio e será levada ao MP (Ministério Público). O grupo denuncia a suposta negligência da Prefeitura com o espaço e o apagamento histórico da escravização, uma vez que a senzala é uma das últimas do Rio Grande do Sul e a última da Região Metropolitana de Porto Alegre. A entidade pede intervenção do MP no caso.
A Casa dos Baptista, imóvel bicentenário ao qual a senzala pertence, é cadastrada como sítio arqueológico pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) desde 2019. O decreto de tombamento municipal veio por ordem do Ministério Público em 2022. Na sequência, o coletivo Mato do Júlio, por meio da APN-VG (Associação de Preservação da Natureza – Vale do Gravataí), pediu o tombamento a nível nacional, processo que foi aberto neste mês de julho.
O ambientalista Leonardo da Costa, um dos coordenadores do coletivo, esclarece que não há um inventário de senzalas em casas coloniais no RS. “Mas existe um livro que faz um arremate da maior parte (para não dizer todas) as grandes casas coloniais. Acontece que, ao longo dos anos, as casas ou as senzalas foram desmanchadas. Um exemplo é a Casa dos Açores, em Gravataí, em que descaracterizaram o que seria a senzala. No estado, há mais senzalas na região Sul”, diz.
Com o tombamento da Casa dos Baptista pelo município de Cachoeirinha, começou também o escoramento da construção, em 2023. Trata-se do processo em que estruturas são usadas de maneira provisória antes da restauração de um edifício, para que ele não desabe. O valor do contrato da Prefeitura para a execução deste serviço é de R$ 50 mil.
Costa aponta que somente o espaço que abriga a antiga atafona – um tipo de moinho manual – recebeu as escoras. A senzala, por outro lado, está desmoronando. Em imagens, ele mostra também que as telhas coloniais da atafona foram quebradas durante o escoramento. Ademais, a sala principal da antiga casa da família está bastante deteriorada.
Em nota, a Prefeitura de Cachoeirinha afirmou que a senzala sofreu grande deterioração com as chuvas de 2024, ampliando os danos à estrutura.
