Após atingir uma condição crítica nesta semana, o nível do Rio Gravataí apresentou uma leve recuperação, voltando para o estado de alerta. Na última sexta-feira, o monitoramento indicou 1,33m na estação de captação de Alvorada e 0,72m na de Gravataí.
Conforme a Prefeitura de Gravataí, a captação continua normal, porém se o nível na cidade cair abaixo de 0,50m, o abastecimento pode ser comprometido. “Estamos em alerta amarelo, trabalhando na conscientização e pedindo economia, mas ainda não há necessidade de racionamento”, informou o município em nota.
Apesar da melhora, a situação do rio preocupa moradores e especialistas, especialmente no término da piracema – época de reprodução dos peixes que se encerrou no dia 31 de janeiro -, quando a pesca é retomada.
O presidente do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí, Sérgio Cardoso, reforçou que a pesca no manancial é mais comum entre amadores, pois grande parte da bacia é cercada por matas, o que já impõe restrições.
Ele destacou que o baixo nível do rio pode dificultar o deslocamento dos peixes que vêm do Guaíba para o Gravataí. “Além disso, na foz do rio, entre o Jacuí e o Arroio Feijó, a poluição é extrema, classificada como classe 4, a pior possível, devido ao esgoto da Zona Norte de Porto Alegre. Isso também compromete a passagem dos peixes”, explica.
Cardoso aponta que a baixa vazão do Gravataí se deve a três fatores principais: escassez de chuvas, alto consumo urbano e necessidade da agricultura. Para ele, a solução passa por investimentos na bacia e pelo armazenamento de água, como as obras anunciadas pelo governo federal no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “O Gravataí está agonizando. Precisamos garantir a reservação da água para que situações como a atual não se repitam. Todos os anos, esse período é crítico, mas é um rio que se recupera rápido”, concluiu.