A audiência pública que tratou do projeto de ampliação do sistema de proteção contra as cheias na bacia do Rio Gravataí, em Cachoeirinha, teve ampla participação de comunidade. Promovido pela Comissão de Segurança, Serviços Públicos e Modernização da Assembleia Legislativa, por iniciativa do deputado estadual Miguel Rossetto, em parceria com o vereador da cidade Leonardo da Costa, o encontro lotou o plenário da Câmara de Vereadores e evidenciou a urgência de ações estruturantes diante das mudanças climáticas que atingem duramente a região, especialmente no período de maio de 2024.
O evento contou com a presença da juíza federal Rafaela Santos Martins da Rosa, coordenadora da Comissão de Sustentabilidade da Justiça Federal do RS, que trouxe uma contribuição técnica fundamental. Em sua fala, a magistrada defendeu que municípios como Cachoeirinha devem elaborar um Plano de Ação Climática, com metas de redução de emissões e medidas de adaptação baseadas em evidências científicas e participação social.
Conforme Leonardo da Costa, 25 mil pessoas foram atingidas diretamente. “É um drama muito grande e quando definitivamente as obras que envolvem o Rio Gravataí saírem do papel, a região vai virar um grande canteiro de obras. Vai ter construção de diques para todos os lados”, diz.
O projeto prevê a reforma e construção de novos diques, casas de bomba e a atualização da proteção em relação à cota máxima atingida pelo rio na enchente de 2024. As obras ocorrerão em Alvorada, Cachoeirinha, Canoas, Gravataí e Porto Alegre e fazem parte do plano de macrodrenagem da Região Metropolitana.
Segundo o projeto da Metroplan para esta bacia hidrográfica, o valor estimado chega a R$ 2,95 bilhões. Em Cachoeirinha, o sistema prevê soluções distintas para a contenção de cheias, a construção de dique e novo sistema de casa de bombas e zoneamento para área de passagem de cheia.
A população participou ativamente, com questionamentos e desabafos, apontando a ausência de projetos estruturados por parte da prefeitura e a negligência com bairros como o Parque da Matriz, que mesmo protegido pela Freeway, sofre com as cheias do Arroio Passinhos. O evento escancarou uma realidade: faltam espaços de escuta e planejamento em Cachoeirinha.
Durante a audiência, foram distribuídos materiais explicativos sobre o projeto de macrodrenagem, incluindo mapas de alagamento, o impacto da preservação do Mato do Júlio e informações sobre o conduto forçado da avenida João Pessoa.