A Câmara Temática de Economia Criativa e Cultura do Conselho do Plano Rio Grande realizou sua primeira reunião na tarde desta terça-feira (23/7). O grupo debateu a situação das instituições culturais afetadas pelas enchentes e as iniciativas da Secretaria da Cultura (Sedac) para mitigar os impactos do desastre meteorológico no setor. A titular da Sedac, Beatriz Araujo, apresentou o balanço atualizado das instituições culturais prejudicadas.
O encontro, que ocorreu no Centro Administrativo de Contingência (CAC), em Porto Alegre, teve ainda a participação de representantes de entidades ligadas ao setor que apresentaram os desafios enfrentados por empresas e profissionais diante da situação.
O secretário-executivo do Conselho do Plano Rio Grande, Paulo Salerno, explicou que o objetivo da reunião é ouvir a sociedade e as diferentes áreas que sofrem os efeitos das enchentes. “Estamos realizando o primeiro ciclo de debates na Câmara Temática e queremos escutar contribuições de todas as áreas – entre elas a cultura, que também foi extremamente afetada”, disse. Salerno acrescentou que, a partir das reuniões, as sugestões serão sistematizadas e, se viáveis, encaminhadas para inclusão no plano de recuperação do Estado.
Beatriz listou as instituições da Sedac que foram diretamente atingidas e apresentou dados do mapeamento dos impactos nos equipamentos culturais do Rio Grande do Sul. Segundo ela, foram identificados danos em 56 bibliotecas, 47 museus, 51 casas de cultura e centros culturais, 31 Centro de Tradições Gaúchas (CTGs), 25 clubes comunitários e sociedades recreativas culturais, 11 teatros e 8 salas de música e de bandas marciais, entre outros.
“Em um primeiro momento, trabalhamos para fazer um levantamento preciso sobre as instituições e os trabalhadores da cultura que foram afetados para que pudéssemos buscar suporte técnico para a recuperação do setor”, afirmou Beatriz. A secretária listou as iniciativas que estão mitigando os impactos no setor cultural – como a parceria firmada com a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), que visitou o Estado para avaliar a situação do patrimônio cultural.
A Sedac também adiantou o pagamento de valores da Lei Paulo Gustavo, flexibilizou prazos e normas para projetos culturais, articulou a realização do Festival Movimenta Cena Sul, apoiou o Festival de Música Colaborativa do Sarau Solar e firmou parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), viabilizando apoio financeiro para microempresas do segmento cultural na região de alagamento. Essas ações vêm gerando renda para os trabalhadores da cultura.
A secretária também informou que a pasta articulou junto ao Banrisul investimentos que somam R$ 25 milhões no segmento cultural. Uma parte dos recursos serão aplicados na recuperação de instituições culturais do Estado, e outra vai viabilizar a realização de eventos por meio de patrocínios e a contratação de técnicos e artistas por meio de edital que está em fase de avaliação de projetos.
O trabalho de recuperação de acervos também foi iniciado pela Sedac com o cadastramento de voluntários e instituições governamentais e não governamentais para o programa SOS Acervos. A ação resultou no cadastro de 531 pessoas; 350 técnicos e especialistas na área de patrimônio; 25 instituições governamentais de vários estados; 19 instituições não governamentais; e 8 colegiados ou coletivos.
Outras ações que auxiliam a retomada do setor – como os projetos culturais ligados ao RS Seguro Comunidades, o MEI RS Calamidade, o Territórios Criativos, novos editais previstos pela Política Nacional Aldir Blanc e o Edital LIC Patrimônio – também foram destacadas por Beatriz. “Acreditamos que agosto já será um mês de grande movimentação artística no Rio Grande do Sul e, com isso, esperamos conseguir trazer a normalidade e fazer com que nossos talentos não se percam diante da tragédia”, ressaltou.