O blog Chico Pereira fez o registro fotográfico do atropelamento de uma senhora em uma via bastante movimentada do centro de Gravataí que trouxe à tona a discussão sobre o desrespeito e a violência no trânsito e, também, a responsabilidade de motoristas e pedestres.
O acidente aconteceu, neste sábado (21), quando ela atravessava uma faixa de segurança localizada na Rua Sirchs esquina com a Avenida José Loureiro da Silva, em frente à parada de táxi da Praça do Quiosque e próxima ao Hospital Dom João Becker. O caso registrado pelo Blog resultou numa postagem compartilhada em seu perfil na rede social Facebook que gerou centenas de curtidas e manifestações distintas sobre o assunto. Esse foi apenas mais um dos vários acidentes que acontecem na cidade, nas faixas de pedestres.
O desrespeito à faixa de segurança tem sido uma das principais causas desses acidentes graves. O excesso de velocidade e ausência de atenção devido ao uso de celular dentro da cidade quando o condutor está dirigindo, também são parte desta triste estatística de imprudência.
Em cidades turísticas como Gramado e Canela e algumas capitais como Brasília, os condutores reduzem a velocidade e param para que o transeunte conclua a travessia. Já entre outros locais como Gravataí, os motoristas não tem o mínimo respeito com as pessoas.
Em Gravataí, existem centenas de faixas de segurança, sendo cada vez mais comum as pessoas ficarem vários minutos esperando para cruzar a via e nenhum carro parar. Em alguns casos, os veículos fream próximo da faixa. Esse problema é ainda maior em locais sem sinaleiras, em que a prioridade para os transeuntes raramente é respeitada.
Conforme o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), o motorista que não der preferência de passagem ao pedestre, que já está na faixa, comete uma infração gravíssima e perde sete pontos na carteira, além de levar uma multa de R$ 191,54.
PEDESTRES TAMBÉM PODEM SER RESPONSABILIZADOS POR ACIDENTES
Leitores do blog e especialistas em trânsito opinam que nem sempre a culpa é do motorista e o pedestre também pode ser responsabilizado pelo ocorrido. No âmbito judicial, é considerado pelo julgador o lugar em que o acidente aconteceu (cidade, rodovia, em cima ou fora da faixa de pedestres) e o grau de culpa de cada parte.
Quando atropelamentos acontecem em rodovias predomina a atribuição de culpa em desfavor do pedestre. Nas cidades, especialmente em capitais e grandes municípios do interior, costuma prevalecer a incidência de culpa aplicável ao motorista ou, dependendo da situação, é atribuída culpa concorrente, cabendo ao julgador mensurar qual o percentual aplicável a cada parte envolvida (atropelado x motorista), nos termos do artigo 945 do Código Civil. O pedestre também pode ser multado se desrespeitar a sinalização, diz o artigo 254 do CTB. Logo, o pedestre deve exigir seus direitos, mas ainda tem a obrigação de cumprir seus deveres.
QUESTÃO SERÁ ABORDADA EM REUNIÃO DO CODES
Especialistas em mobilidade urbana apontam que a quantidade de veículos circulando em Gravataí aumenta consideravelmente. Atualmente é a terceira cidade com maior frota de automóveis no Estado. Em contrapartida, não há avanços em infraestrutura viária na cidade. Os espaços destinados ao tráfego continuam os mesmos. Muitas ruas seguem com estacionamentos de ambos os lados da pista. Também é essencial que as vias sejam devidamente sinalizadas com o local destinado à passagem dos pedestres.
Gravataí possui hoje uma frota de 174.010 mil veículo automotores, 3.004 a mais do que ano passado, conforme o levantamento da Abramet/RS (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego do RS). Dados do DetranRS (Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul) indicam que Gravataí tinha 171.006 veículos automotores em 2023.
Atendendo a uma sugestão do blog Chico Pereira, o prefeito Luiz Zaffalon (PSDB) disse que vai levar o tema para a próxima reunião do Codes (Conselho de Desenvolvimento Econômico Social) em janeiro de 2025, em que vai debater com os engenheiros de tráfego, ações mais eficazes de conscientização para redução de acidentes no trânsito.
A vida do próximo deve ser preservada, visto que os transtornos de uma atitude desrespeitosa poderão se perpetuar por toda uma vida, além dos reflexos psicológicos que afetará todos os envolvidos, diretos ou indiretos. Os pedestres também devem ser conscientizados de que deverão abster-se de atravessar fora das faixas, assim como os motoristas (que também são pedestres) devem considerar que ao chegar próximo de uma faixa, a preferência de passagem é do mais vulnerável.