A Arena Cruzeiro, em Cachoeirinha, irá a leilão na próxima quarta-feira (25) por R$ 15,8 milhões por determinação da Justiça – este valor já está anunciado que cairá pela metade na segunda rodada –, o que pode causar a “extinção” do clube, conforme dirigentes.
O Cruzeiro foi fundado em 1913 e se autointitula “Pioneiro na Europa”. É o primeiro time gaúcho a desbravar o Velho Continente em jogos na década de 1950 contra Real Madrid, Lazio e os três grandes da Turquia (Besiktas, Fenerbahçe e Galatasaray).
Hoje, a situação é bem menos glamorosa, na terceira divisão do futebol gaúcho e num imbróglio judicial no qual pleiteia a suspensão para não ficar sem o estádio, com capacidade para 16 mil pessoas, penhorada pela 2ª Vara Cível do Foro Regional do 4º Distrito da Comarca de Porto Alegre.
Conforme a leiloeira responsável pelo pregão online, o Estádio Dirceu Castro possui 11 penhoras e 15 indisponibilidades de bens devido a ações movidas por ex-jogadores e pela Fazenda Nacional. Contudo, o clube rebate que estas questões estão atreladas a outros dois terrenos que não fazem parte do processo de penhora da arena.
A situação do estádio é mais complicada e diz respeito a uma ação de 2013, quando um corretor de imóveis alegou ter dívida a receber do clube pela relação de exclusividade inicial na venda da antiga casa do Cruzeiro, o Estrelão, na zona leste de Porto Alegre.
Os advogados do clube à época negavam a dívida citando erro judicial histórico por desconsideração de um pagamento de custas do processo, efetivamente realizado.
Ocorre que outra pessoa entrou na jogada como terceira parte interessada, porque busca um crédito devido pelo autor da primeira ação, e a dívida a receber do Cruzeiro lhe garantiria acesso ao dinheiro.
Este fato suscitou a sentença de penhora do estádio, na qual o Cruzeiro alega algumas inconsistências, como a intimação pessoal irregular do clube, com o CNPJ de outro Cruzeiro, da cidade de Dom Pedrito, e a subavaliação do terreno, que custaria mais que o dobro do que foi avaliado pela perícia – ou seja, acima de R$ 30 milhões.
O presidente do Conselho Deliberativo do Cruzeiro, Paulo Doering, situa que as inconsistências detectadas ainda não foram devidamente analisadas pela Justiça conforme o clube solicita.
Por isso, enquanto o leilão se aproxima, a nova tentativa é pela sua suspensão até que as alegações passem pelo crivo do Judiciário.
O juiz responsável deu o prazo legal de 15 dias úteis para a outra parte se manifestar. Contudo, o tempo irá ultrapassar as duas rodadas do leilão, em 25 de junho e 3 de julho.
O debate já chegou na Câmara Municipal de Cachoeirinha. Nesta terça-feira (24), a partir das 16h30, membros da Império Azul, torcida organizada do clube, farão uma grande manifestação em frente ao parlamento municipal. Os vereadores Flávio Cabral e Leonardo da Costa já assinaram o abaixo assinado contra a venda da Arena. O documento já tem mais de 1,5 assinaturas (https://www.peticao.online/salveocruzeiro).
“Querem vender o nosso estádio por 7 milhões, uma área que vale mais de 40 milhões. Quem está por trás disso tudo? É isso que a gente quer saber. Somos contra o leilão até nos recebermos respostas cabíveis quanto a venda da nossa Arena”, protesta Terry Lacerda, liderança da torcida e um dos responsáveis pelo manifesto.




