Blog do Chico Pereira

Chico Pereira nasceu em Gravataí, habilitado em jornalismo (DRT 10548) possui 35 anos de colunismo. Trabalhou no Jornal do Comércio, Folha do Vale, Correio de Gravataí e Jornal Momento Regional, trabalhou também em rádio e tv.

É sócio fundador da Federação Brasileira de Colunistas e Associação dos Colunistas do Rio Grande do Sul, e recentemente recebeu homenagem na Assembleia Legislativa do RS, em reconhecimento ao seu trabalho na área da comunicação.


Freeway, marco para industrialização de Gravataí, faz hoje 50 anos

FREEWAY 25 09

Inaugurada em 26 de setembro de 1973, a Freeway completa, nesta terça-feira, 50 anos de existência. Construída para ligar Porto Alegre até Tramandaí, Litoral Norte, a BR-290 foi a primeira autoestrada brasileira. A obra foi idealizada durante o período militar na era do “milagre econômico” e entregue presencialmente pelo até então presidente Emílio Garrastazu Médici (1969-1974), gaúcho de Bagé, junto com o Ministro dos Transportes, Mário Davi Andreazza, natural de Caxias do Sul.

Com duas pistas em cada sentido (atualmente são três), divididas por um largo canteiro central, a rodovia expressa recebeu a denominação de “Free-Way”, a exemplo das freeways californianas na região metropolitana de Los Angeles (EUA).

Os saudosistas mais românticos recordam que antes da construção da autoestrada para se deslocar ao litoral, os porto alegrenses dirigiam seus veículos abarrotados de malas e apetrechos de férias e seguiam na direção da RS-030 – rodovia que leva o nome de Cristóvão Pereira de Abreu ou simplesmente conhecida como Estrada Velha — aliás, ainda disponível, agora mais como alternativa a sua irmã mais nova (Freeway) nos horários de pico.

Com suas verdes paisagens, repleta de curvas acentuadas, a Estrada Velha foi por muito tempo a única ligação entre a Capital e o Litoral Norte. A longa viagem começava passando por dentro de Gravataí, cortava os municípios de Glorinha, Santo Antônio da Patrulha (intervalo obrigatório para descansar, comprar rapaduras e degustar os famosos sonhos típicos da cidade) e finalmente chegava-se a Osório, sinalizando que o mar se aproximava. Outra coisa que me chamava atenção era o sistema de controle de velocidade dos veículos que trafegavam pela 030 à ocasião. Ao passar nos postos de controle da Polícia Rodoviária Estadual, situados nos extremos de Gravataí, Santo Antônio, Osório e outros do Litoral, o motorista recebia um cartão de cartolina no qual era carimbado o horário. Isso servia para identificar a velocidade que ele desenvolveria para chegar ao próximo posto de passagem. Se na chegada estivesse adiantado e fora do horário compatível com a velocidade máxima permitida, o condutor seria multado. Para evitar a multa, os motoristas apressadinhos faziam paradas em restaurantes ou outros locais, para não serem flagrados desrespeitando a lei.

Neste percurso, o Cabana dos Anjos, no centro de Gravataí, tornou-se a parada obrigatória para quem quisesse descansar, tomar um café ou simplesmente comprar iguarias clássicas gaúchas. Localizado próximo à prefeitura da cidade, o bar e restaurante reunia diversas personalidades políticas e empresariais destacadas.

A Estrada Velha também foi, à época, a pista para as corridas de “carreteiras”, automóveis preparados para as competições de famosos corredores como Catarino e Júlio Andreatta, José Asmuz, Diogo Ellwanger, Pedro Pereira, Breno Fornari, Aristides Bertuol, Norberto Jung e tantos outros. As carreteiras eram carros de passeios que recebiam uma estrutura reforçada para resistir às exigências das provas, que eram disputadas em estradas difíceis e nos circuitos de rua dos municípios gaúchos.

É fato que a inauguração da Freeway há meio século deixou uma das quatro cidades mais antigas do Estado bem menos movimentada, pois a nova rodovia encurtou a distância de 96,6 quilômetros até Osório, reduzindo o trajeto para cerca de uma hora. Porém, a necessidade de se reinventar foi urgente e a criação da autopista ganhou importância como corredor dos países do Mercosul sobretudo no escoamento dos produtos procedentes da Argentina e do Uruguai, sendo considerada o marco para o desenvolvimento do Distrito Industrial de Gravataí, atraindo anos mais tarde a GM, entre outros investimentos para o município.



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