Blog do Chico Pereira

Chico Pereira nasceu em Gravataí, habilitado em jornalismo (DRT 10548) possui 35 anos de colunismo. Trabalhou no Jornal do Comércio, Folha do Vale, Correio de Gravataí e Jornal Momento Regional, trabalhou também em rádio e tv.

É sócio fundador da Federação Brasileira de Colunistas e Associação dos Colunistas do Rio Grande do Sul, e recentemente recebeu homenagem na Assembleia Legislativa do RS, em reconhecimento ao seu trabalho na área da comunicação.


Indústria do RS termina 2023 em queda, mas projeta melhora

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O ciclo negativo que se instalou na indústria gaúcha no último trimestre de 2022 e se estendeu por todo 2023 não deu sinais de reversão em dezembro, segundo a Sondagem Industrial RS, divulgada nesta segunda-feira (5) pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS). Foram registradas quedas na produção e no emprego, aumento na ociosidade e acúmulo, ainda que menor, de estoques. “Na avaliação dos empresários gaúchos, as principais causas seguem as mesmas: baixa demanda interna, carga tributária elevada e juros altos”, diz o presidente da FIERGS, Gilberto Porcello Petry. Mas a pesquisa revela que a maioria voltou a ficar otimista no início de 2024, projetando aumento da demanda, das exportações e do emprego, além de mostrar disposição para investir nos próximos seis meses.

O índice de produção da indústria gaúcha, segundo a Sondagem, registrou 39,6 pontos no último mês do ano passado. Ficou abaixo dos 50, o que indica queda da produção em relação a novembro, e abaixo da média histórica do mês, de 41,2 pontos. Isso mostra que o desempenho foi pior do que o esperado. Foram nove quedas da produção e três altas mensais ao longo de 2023. Com este quadro adverso, o número de vagas na indústria gaúcha é afetado. Manteve a trajetória negativa em dezembro, completando 15 meses de retrações ininterruptas. O índice no número de empregados de dezembro foi de 47,1 pontos, em linha com o previsto para o mês, com média histórica de 47,2.

Ao atingir 66% em dezembro, com recuo de quatro pontos em relação a novembro, a utilização da capacidade instalada (UCI) dá mais um sinal de desaquecimento no setor. É 1,8 ponto percentual menor do que a média histórica do mês. O índice de UCI em relação ao usual, que considera o patamar comum para o mês, atingiu 40,8 pontos em dezembro. O valor mostra que a UCI ficou bem abaixo do normal e ainda mais distante do que estava em novembro, 42,8.

A queda nos estoques de produtos finais pela primeira vez desde janeiro de 2023 foi a notícia positiva da Sondagem de dezembro: o índice de evolução dos estoques registrou 48,3 pontos. A redução aproximou, mas não foi suficiente para levá-los aos níveis desejados pelas empresas. Apesar de o índice que mede os estoques em relação ao planejado ter caído de 52,6 para 51,2 pontos, permaneceu acima dos 50. No caso dos estoques, valores acima de 50 representam crescimento em relação com o mês anterior.

TRIMESTRE – No bloco trimestral, a pesquisa da FIERGS revela que a demanda interna insuficiente, a elevada carga tributária e as taxas de juros iniciaram e terminaram o ano como os três principais fatores que limitaram o desempenho das empresas em 2023. Os três itens ocupam as primeiras posições entre os problemas enfrentados pelo setor desde o terceiro trimestre de 2022, quando a indústria equacionou os gargalos nas cadeias de suprimento provocados pela pandemia.

A demanda interna insuficiente foi o maior obstáculo nos quatro trimestres de 2023, mas recebeu, no último, o menor percentual de respostas: 39,4% das empresas, 4,7 pontos percentuais abaixo do anterior. A elevada carga tributária foi escolhida por 32% das empresas ante 33% do terceiro trimestre. As taxas de juros elevadas registraram 26,3% das citações das empresas, o menor patamar desde o primeiro trimestre de 2022 e 2,1 pontos percentuais a menos do que o período anterior.

A insegurança jurídica foi o quarto maior problema enfrentado pela indústria gaúcha no último trimestre de 2023, assinalada por 17,7%. Foi o maior percentual já registrado, superando o pico anterior de 15,2% do terceiro trimestre e, de longe, a média histórica de 7,3%. A relevância da insegurança jurídica como obstáculo começou a crescer a partir do terceiro trimestre de 2022. A média histórica de citações até então era de 5,8%, passando para 14,9% nos trimestres seguintes. 

Mas os empresários gaúchos voltaram a projetar crescimento da demanda nos próximos seis meses, com todos os índices de expectativas da pesquisa, realizada entre 2 e 16 de janeiro com 175 empresas (40 pequenas, 58 médias e 77 grandes), retornando ao campo positivo. São os maiores valores desde outubro de 2022. A demanda cresceu de 48,4, em dezembro, para 55,3 pontos, em janeiro, e as exportações, de 49,8 para 54. Com a projeção otimista para a demanda, a indústria planeja aumentar o emprego (51,2 pontos) e as compras de matérias-primas (54,9), e o cenário mais favorável aumentou a disposição da indústria gaúcha de investir. O índice de intenção cresceu de 53,8 para 55,1 pontos na virada do ano. Em janeiro de 2024, 59% dos empresários gaúchos exibem disposição de investir nos próximos seis meses.



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