Moradores dos bairros Parque da Matriz, Três de Maio, Jardim América, Vila Eunice e da Rua Telmo Dornelles, entre outras regiões de Cachoeirinha atingidas pela enchente de maio de 2024, realizaram manifestação na sessão da Câmara Municipal de Vereadores, na noite de terça-feira (11) para protestar contra o projeto de lei aprovado na primeira sessão do ano que cria mais de 34 cargos e vagas de estágios, ao valor aproximado de R$ 10 milhões, em quatro anos.

Munidos de faixas, cartazes e insatisfeitos com a inércia do Poder Legislativo e a falta de interesse dos vereadores em auxiliar na construção de projetos que evitem novas enchentes no município, as associações de moradores foram até o plenário pedir providências ao Executivo. Conforme o líder comunitário Eleniso Portela, desde o final do ano passado os moradores clamam por um projeto no Parque da Matriz que evitem o extravasamento do Arroio Passinhos em dias de temporal pois, segundo ele, a água não dá vazão nas galerias, alagando totalmente as ruas do bairro. “Enquanto eles criam novos cargos, nós convivemos com a incerteza de novas enchentes. Temos o direito de viver em paz e com dignidade”, reclama Portela.
ANTIGAS DEMANDAS
O Procurador-Geral da Câmara de Vereadores, Rodrigo Silveira, explica que a função de criar políticas públicas para a questão da contenção das cheias na cidade é responsabilidade do Poder Executivo e o Legislativo não tem gerência e nem mesmo competência sobre essa questão. Com relação a criação de 34 cargos de assessor comunitário, dois para cada vereadores (que ao todo são 17), o procurador diz que se trata de uma demanda antiga e contestou o impacto financeiro de R$ 10 milhões. “O assessor comunitário vai atuar na linha de frente, na rua, lincando as demandas da comunidade com o gabinete do vereador. A intenção é que esse assessor faça o mapeamento das principais reivindicações da população e traga para os parlamentares com a mais brevidade possível.” Conforme Silveira, o impacto para estes cargos será de R$ 3 milhões em quatro anos.
Em quanto isso, a cidade segue sofrendo com as constantes chuvas sem que obras estruturantes sejam realizadas, a fim de solucionar ou mitigar os inúmeros transtornos. “Dinheiro há, milhões do governo federal mas não há projetos”, diz o vereador Gustavo Almansa (PT). “Falta planejamento, falta transparência e, sobretudo, falta compromisso e respeito ao drama que as comunidades de Cachoeirinha vêm enfrentando”, indaga o parlamentar da oposição.
Uma comissão de moradores do Bairro Anita Garibaldi após subirem fotos e vídeos nas redes sociais com a intenção de chamar atenção do poder público para os problemas que vêm ocorrendo na Arnaldo Schüller, ainda propôs solução para alguns problemas que angustiam quem vive ou trabalha naquela região da cidade. “No ano passado, postei um texto no Facebook, que não estávamos conseguindo que limpassem as bocas de lobo da Rua Anita Garibaldi — que, a qualquer chuva forte, virava um rio —, e, dias depois, deram início à construção de uma nova rede pluvial, o que, estou certa, foi essencial para que os danos causados pela inundação não fossem ainda piores por ali”, acrescentou Sônia Zanchetta, diretora do Instituto Ágora, localizado nas proximidades.
Porém, segundo ela, lamentavelmente, a inundação causou o entupimento das galerias pluviais com lodo e outros detritos. No final da Arnaldo Schüller, a situação tem sido bem pior, tanto que, nos temporais de 15 e 25 de fevereiro, vários pátios foram inundados. Por meio de um vereador, os moradores conseguiram que fosse feita uma limpeza inicial e aguardam, ansiosos, pela chegada da equipe encarregada do hidrojateamento das galerias. “Gostaríamos de saber se há um cronograma de limpeza das galerias pluviais da cidade, a quantas andam as obras previstas para minimizar as inundações, etc”, questiona Zanchetta.