A Prefeitura Municipal de Gravataí e o CTG Aldeia dos Anjos seguem incluídas como réus em ação judicial que questiona a realização de provas com animais no Rodeio Internacional do Mercosul, evento anual que ocorre em Gravataí. Na ação, a ONG Principio Animal apontou ter imagens de bovinos machucados, e pede a suspensão das provas campeiras pelo Centro de Tradições Gaúchas. As fotos foram produzidas em março do ano passado por um dos integrantes da ONG nos arredores da mangueira e brete do recém inaugurado Parque de Eventos Valecy Cabeleira Bitelo, onde acontecia o evento. Segundo os promotores responsáveis pelo rodeio, os cavalos sofreram ferimentos durante o transporte, receberam atendimento veterinário e voltaram para propriedades de origem. O documento assinado por veterinários comunicou que os próximos lotes seriam transportados em menor quantidade dentro do caminhão, para evitar novas lesões.
O ex-diretor de Bem Estar Animal do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), o veterinário Henrique Noronha, que teve acesso a todo o processo, apontou exageros nas acusações. “Tem um caso que afirma que um peão a cavalo usaria o relho pra surrar e também para cutucar o ânus do animal. Eu assisti a três vezes esse vídeo e percebe que ele encosta o relho na garupa do animal, mas em nenhum momento mostra ele se aproximando do ânus do animal. Essa acusação falsa me assusta”, afirmou o veterinário ao G1. Noronha também observa que os laudos preparados pela ONG foram elaborados por veterinários que não lidam diariamente com cavalos, atuando majoritariamente com pequenos animais.
A edição de 2024 acabou sendo realizada sem que a ação tivesse sido julgada. O processo segue tramitando na Justiça. A ONG, que moveu a ação às vésperas do 26º Rodeio Internacional do Mercosul, realizado entre os dias 4 e 7 de abril deste ano, pede indenização por dano coletivo de R$ 100 mil, cálculo feito sobre lucro estimado de R$ 300 mil no evento de 2023, que seria revertido para fundo de compensação por danos ambientais.
A Prefeitura de Gravataí, que cedeu gratuitamente o Parque Municipal de Eventos, cuja construção custou R$ 7 milhões, sendo R$ 436,5 mil na construção de canchas para tiro de laço e provas campeiras, contestava a legitimidade de aparecer como réu na ação, alegando ter atuado no evento prestando apoio, sem qualquer participação na organização, gestão de participantes, colheita de ingressos ou inscrição de competidores. O Contrato de Prestação de Serviços transferiu ao CTG a responsabilidade pela gestão do evento. O juiz da 4ª Vara Cível Especializada em Fazenda Pública da Comarca de Gravataí, Regis Pedrosa Barros, decidiu que a empresa produtora do evento deve ser chamada ao processo para apresentar defesa.
Não há dúvidas de que o bem estar animal necessita ser uma prioridade nos rodeios, como aconteceu, por exemplo, em Vacaria, aprovado por uma ONG local. Porém, a Justiça precisa examinar esse tipo de ação com muita cautela, afinal, como demonstrou estudo da Universidade Feevale, os rodeios movimentam por ano R$ 2 bilhões por ano, e muitas pessoas dependem desta atividade para sobreviver.