O primeiro debate da campanha eleitoral de Gravataí em 2024, promovido pela Acigra, nesta noite de segunda-feira (23), foi morno, truncado e marcado por uma série de ofensas e troca de acusações entre os três candidatos a prefeito da cidade. Os concorrentes a governar o sexto maior colégio eleitoral do Rio Grande do Sul, Daniel Bordignon (PT), Luiz Zaffalon (PSDB) e Marco Alba (MDB), até tentaram se concentrar em propostas, mas ao longo do programa não faltaram ataques pessoais.
Desde o início do debate, apresentado por Régis Marques Gomes, foi perceptível quando Alba e Bordignon faziam dobradinha para atacar o candidato à reeleição, não evitando perguntas e embates diretos com o gestor. Isso ficou evidente quando Bordignon perguntou para Alba: “o senhor tem visto que o atual governo está fazendo obras que ficarão para o próximo governo pagar? Qual é sua opinião? “O prefeito aposta em mentira intelectual, quando se faz um rodeio para negar uma dívida. O prefeito se vangloria que foi secretario de tudo”, respondeu Alba.
O ex-prefeito petista fez críticas ao prefeito, mas procurou fugir de ofensas diretas. Já o candidato do MDB foi mais contundente. Zaffalon, por sua vez, em sua primeira apresentação no programa, começou com discurso de “paz e amor”, mais comedido e moderado. “Infelizmente, não temos mídia de massa em Gravataí. Este debate é muito importante. Queria cumprimentar a todos os candidatos, o meu vice Levi Melo e demais amigos que estão assistindo,que trabalhamos fortes nesses últimos anos, desde quando fui secretário em 2011. Nesses quatro anos também fizemos muitas coisas. Nunca se investiu tanto na cidade. Pela primeira vez, se investiu 50 milhões só na área de saúde”, enfatizou Zaffa.
O primeiro bloco, que permitia que os candidatos fizessem perguntas entre si, foi dominado pela paternidade da UTI do Hospital Dom João Becker e quem pagou mais dívidas do município. O candidato tucano ganhou direito de resposta quando Alba chamou o rival de “mentiroso”. “O prefeito falou de implantação da UTI e mente descaradamente sobre a inauguração que ocorreu no meu governo em 29/07/2020. A UTI foi reinaugurada e ampliada de 10 para 20 leitos. Ele foi secretário da Fazenda nos 30 dias que o Nadir (ex-vereador) esteve à frente da Prefeitura. A gente se engana com as pessoas. Ele é arrogante. É um dissimulado. As creches que ele inaugurou só existiram porque nós não abandonamos”, prosseguiu o ataque, Marco. No quarto e último bloco, outros pedidos de direito de resposta de Alba e Bordignon foram rejeitados.
Quando Alba e Bordignon interagiam raramente partiam para o confronto. “Quando assumi a cidade tinha duas praças. As ruas não tinham asfalto, esgoto, sinaleiras, nenhuma infraestrutura nessas áreas. O prefeito que me sucedeu pegou a prefeitura organizadíssima. Nos meus 8 anos de governo, não tivemos nenhum real da GM. Não aproveitamos dos recursos bilionários da GM que, a partir de 2012, começou a pagar tributos”, disparou o petista, em uma das raras vezes em que bateu bola com o ex-gestor do MDB.
Apesar das críticas, Zaffa demonstrou um comportamento mais comedido e até elogiou a candidato do MDB, porém, preferiu focar nas propostas. “Todos fizeram bons governos e fizeram obras para cidade. Tu (Alba) dizia que nós iriamos fazer mais e melhor, e eu fiz!”, disse. “Os dois foram colegas de infância, estão fazendo dobradinha para me atacar. As obras tem inicio, meio e fim e vamos entregá-las no meu mandato. Fechamos o laboratório municipal e a CDG, porque não deram certo. Fui chamado de gerentão pela imprensa. E quem me chamou de volta para Gravataí foi o Marco Alba para ser o seu candidato. Não foi um mês que fui secretário de Fazenda. Vocês olham para trás, eu olho para frente”, afirmou.
O debate terminou com cada um dos candidatos tendo dez minutos para considerações finais. Bordignon falou em adotar um novo sistema de transporte público que precisa se adequar aos novos tempos de aplicativos e prometeu valorizar os servidores públicos investindo em qualificação e cursos de formação, além de levar asfalto para os bairros mais periféricos como Xará e Rincão da Vila Madalena. Ainda cogitou o retorno do gabinete da prefeitura para o centro da cidade e a recriação da Fundarc (Fundação de Arte e Cultura), que foi acoplada à Secretária de Esportes. “O senhor prefeito tem uma visão privatista, faz uma gestão aos seus amigos, defende o poder público aos serviços dos interesses privados”, questionou.
Em seu turno, Zaffalon enfatizou no seu pacote de obras que inclui a confecção de um novo edital para concorrência de empresas interessadas em remodelar o transporte público, além da construção de diques e casas de bombas, a revitalização de algumas vias da cidade, como a Avenida dos Estados e a Otávio Schmmes e ampliação do projeto Rua Aberta para outros bairros da cidade. “Vamos investir R$ 320 milhões no nosso governo. Fui a Passo Fundo buscar o investidor da (Farmácia) São João. Fiz a mesma coisa com o Cesto e o Fortes (ambos atacarejos), que está vindo. Temos uma legislação moderna. Uma cidade geograficamente localizada. A RS-118 duplicada melhorou muito as condições da cidade”, disse o atual prefeito.
Em seu discurso de encerramento, Alba fez um balanço de suas obras pela cidade e duras críticas com palavras agressivas ao administrador do PSDB, indicando que entrou com ação para cassar o mandato do prefeito por abuso de poder econômico e político. Também culpou o governo Eduardo Leite (PSDB e apoiador de Zaffa) pela fuga dos investimentos da Mercado Livre para Santa Catarina. “Eu nasci aqui e nunca ataquei ninguém pelas costas. O MDB honrou ele para ser o atual prefeito. Eu o busquei em casa. Tinhamos uma relação respeitosa e descente. Hoje faz demérito da minha pessoa. É um covarde. O que tem de memes e fakes news atacando a minha pessoa produzidos por uma milícia digital dos companheiros, que eram adversários”, acusou o ex-prefeito.