O projeto de arborização e paisagismo da Avenida Flores da Cunha, em Cachoeirinha, está causando polêmica entre os moradores e ganhou repercussão também nas redes sociais desde o início deste mês. O assunto começou a chamar atenção quando viralizou o vídeo de uma senhora que foi flagrada carregando um balde com a terra adubada de um dos 50 novos vasos de plantas ornamentais instalados pela Prefeitura local na principal via da cidade. A mulher chegou a ter dificuldades em levar o balde devido à quantidade de terra que ela estava levando.
A Prefeitura abriu investigações para apurar o caso. Duas câmeras de videomonitoramento próximos ao local serão usadas para identificar o rosto da suspeita.
O centro da controvérsia é o valor investido nos vasos colocados nos canteiros ao longo da avenida, que muitas pessoas afirmam ser desnecessários. Eles alegam que as plantas servem para amenizar a retirada de mais de 20 árvores saudáveis para a construção de um ciclovia durante a administração do prefeito cassado Miki Breier.
“Bueiros sem tampa e esgoto a céu aberto na Vila Eunice! Enquanto isso colocam vasos que custam mais de R$ 100 mil na avenida”, indaga o internauta Matheus SS. “Sabe quanto custou esses vasos? 104.475,00 (reais)”, questionou Daniel Rocho, outro internauta.
A iniciativa surgiu como parte de um compromisso firmado em audiência pública realizada em 2022, que definiu a melhor utilização do canteiro central da avenida.
Na ocasião, a proposta de instalação de uma ciclovia no local foi descartada, pois colocava em risco à segurança de pedestres.
Em substituição, foi decidido que o espaço seria destinado ao embelezamento e à sustentabilidade ambiental, com a instalação de vasos ornamentais e o plantio de árvores.
O projeto prevê a colocação de 50 vasos com palmeiras fênix em toda a extensão do canteiro central da Flores da Cunha, contribuindo para deixar a cidade mais verde e visualmente agradável. Além disso, outras áreas do município também serão contempladas com o plantio de árvores, reforçando o compromisso da administração com a preservação ambiental.
Os recursos para a execução dessa ação são provenientes de verba específica destinada exclusivamente a projetos de arborização, garantindo a correta aplicação dos investimentos públicos. O programa é executado pela Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (SMMOB).
Ciclovia deu lugar a canteiro concretado
Para a administração municipal, o projeto de ciclovia já é um assunto passado. Projetada em 2019, licitada em 2020 e com as obras começando praticamente só em 2021, a pista exclusiva para bicicletas seria instalada no local onde fica o canteiro central da Flores da Cunha. Porém, após 70% de conclusão, a obra foi engaveta no início de 2022, e se tornou em definitivo um canteiro central concretado.
A ciclovia da Flores da Cunha rendeu discussões desde o lançamento do projeto. O local da instalação, o canteiro central, foi alvo de críticas de moradores e também de membros do Legislativo municipal. Entre os itens que geraram incômodo, a retirada de árvores para implementação da pista foi um dos destaques.
O projeto previa 135 novas mudas florestais nativas que deveriam ser plantadas em locais adequados, compensando o manejo de 28 árvores para a execução da ciclovia — sendo 19 exóticas e nove que precisam ter o plantio compensatório, que equivale a 15 novas plantas para cada uma retirada.
O custo total projetado para a obra foi de R$ 1.212.619,49, conforme o Portal da Transparência de Cachoeirinha. O dinheiro veio da Secretaria Municipal de Segurança e Mobilidade, oriundos de multas.
Do total projetado, R$ 679.354,59 foram pagos pela prefeitura à empresa executora, que deixou o canteiro de obras, por atrasos em repasses.