O TJ/RS (Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul) cassou a liminar que havia suspendido eventos do segundo pedido de cassação do prefeito Cristian Wasem (MDB) e do vice-prefeito Delegado João Paulo Martins (PP). A justifica foi motivada por usurpação da competência do Poder Legislativo. A decisão do Tribunal reconhece que o juízo de origem extrapolou seus limites ao interferir diretamente no rito e no mérito de um processo de impeachment que tramita regularmente na Câmara dos Vereadores.
Desta forma, o Tribunal restabelece a autonomia da Câmara para conduzir o processo de impeachment, devolvendo ao Legislativo local a prerrogativa de avaliar as denúncias, ouvir testemunhas e decidir, ao final, se ocorreu ou não crime de responsabilidade. Distinto do primeiro pedido de impedimento no qual o vice já foi excluído, o segundo processo mantém Cristian e o Delegado no foco das acusações.
Para a cassação, são necessários 12 votos entre os 17 vereadores. Há boatos que já teriam 12 votantes favoráveis ao processo de cassação. Porém, nesta jogada entra o PT, rival do MDB nas últimas eleições municipais como peça no tabuleiro para decidir o futuro da chapa. Os vereadores petistas Gustavo Almansa e Léo Costa seriam contrários à cassação do mandato da chapa, em troca de apoio de um deles à presidência da Câmara dos Vereadores, com o apoio do prefeito. Nesta negociação entre petistas e Cristian, ainda entraria uma provável secretaria — talvez a pasta da Cultura e Esportes, hoje provisoriamente ocupada por Sueme de Mattos (PDT), que poderia ser administrada por um petista. Na Conferência da Cultura realizada no último sábado no Shopping do Vale, o vereador Gustavo Almansa fez um pequeno discurso no evento, à convite da secretária. Na semana passada, o deputado federal Paulo Pimenta também esteve presente em Cachoeirinha na assinatura do contrato de início de obras de reconstrução do Canal Duplo Arroio Passinhos, junto com o ex-vereador David Almansa e a deputada estadual Laura Sito, além do prefeito e do vice. Ambos eventos reforçaram uma união entre MDB e PT, amplamente divulgada como nunca por seus assessores. A partir daí poderia surgir uma manobra para salvação da chapa da cassação. Com aliados de Cristian apoiando um dos vereadores petistas à presidência da Casa, que assumiria a mesa diretoria e teria autonomia para arquivar o processo de impeachment. A votação da mesa diretora da Câmara deve ocorrer entre dezembro e janeiro.
Até agora, Jussara Caçapava (Avante), principal interessada na cassação da chapa, é candidata à reeleição. O outro possível postulante é Cléo Pereia (MDB), liderança de Cristian na Casa. Mas no balanço das horas tudo pode mudar e uma provável aliança de Cristian e o PT local.
- Lembrando que o MDB é aliado na plataforma do governo federal. Uma aliança de legendas rivais com os petistas não é novidade na cidade. Na última eleição municipal, o PT quebrou ao decoro da militância e aliou com o ex-vereador bolsonarista Rubinho (PSDB). Durante reuniões e conversas com militantes, David Almansa fazia questão de elogiar a gestão do prefeito de Gravataí, Luiz Zaffalon, e a aproximação “democrática” ao governo de Eduardo Leite.
