O corte de mais de 60 árvores nativas que vem sendo efetuado há duas semanas por equipes da RGE na Avenida Flores da Cunha, junto à area ambiental do Mato do Júlio, em Cachoeirinha, tem causado revolta e indignação de moradores locais.
Grupos que defendem a preservação do Mato Júlio denunciam “desmatamento” da área ambiental com a supressão das árvores, que está colocando em risco de extinção espécies raras de fauna e flora.
Os ambientalistas acreditam que o corte da vegetação objetiva a descaracterização da área para futuramente viabilizar a construção de um grande empreendimento imobiliário.
“A ação dos últimos dias, com a derrubada de dezenas de árvores não é somente por conta da proximidade com a fiação. A retirada está sendo feita sem critério nenhum. Sem nenhuma análise previa, nenhum estudo, planejamento ou verificação de fauna. A situação é grave na medida em que uma série de aves, insetos e animais com risco de extinção vivem naquela área que está sendo desmatada”, denuncia o integrante do Coletivo de preservação do Mato do Júlio, Caio Baseggio.
Conforme Baseggio não é época de poda e a ação pode acarretar num impacto gigantesco no meio ambiente. Ele ainda afirma que existe a problemática da especulação imobiliária, ligada ao Plano Diretor e a descaracterização da área. De acordo com o integrante do Coletivo, foi realizado o corte de 7 metros de extensão para dentro do mato, mais de 50 metros de comprimento, e tranquilamente foram retiradas cerca de 60 árvores de diferentes tamanhos.
Já o professor Leonardo da Costa diz que inicialmente a população acreditava que seria apenas uma poda superficial, como ocorre com recorrência, mas teve seguimento uma supressão absurda. Segundo ele, a concessionária poderia fazer o manejo da vegetação, retirando de um lugar e plantando em outro, ou a poda propriamente dita, com o corte de galhos.
“O cenário de hoje nos leva a constatar que não é só uma supressão. A ação acontece como uma forma de descaracterizar a área, que tem especial interesse ambiental. Querem descaracterizar a área para fazer um empreendimento mobiliário. Existe uma disputa pelo local, mas também existem critérios legais que impedem essa construção”, argumenta.
A RGE, concessionária esclarece que a retirada de vegetação nas proximidades da rede elétrica de Cachoeirinha é uma medida preventiva planejada para garantir a segurança da população e a continuidade do fornecimento de energia, principalmente após os eventos climáticos que afetaram a região. Essa ação faz parte do Plano Anual de Manutenção Preventiva da concessionária e é realizada em parceria com a Prefeitura, visando minimizar riscos e melhorar a confiabilidade da rede.
A operação segue normas técnicas do setor elétrico e é acompanhada por especialistas, com avaliação prévia de todas as necessidades locais. A RGE reforça também o seu compromisso com o manejo responsável da vegetação e com a conscientização sobre a importância do plantio adequado, e do manejo preventivo, tanto em áreas públicas quanto em propriedades particulares.