Trabalhadores do Hospital Padre Jeremias de Cachoeirinha vão realizar assembleia no início da tarde desta quarta-feira (27/3) com indicativo de greve por tempo indeterminado. A decisão deve ser tomada em encontro, marcado para as 13h30 no pátio interno do hospital na Rua Lindolfo Wagner, 185, Parque da Matriz. Além do Padre Jeremias, outras duas instituições administradas pelo Instituto de Cardiologia – Fundação Universitária de Cardiologia (IC-FUC), os hospitais de Viamão e Alvorada também agendaram assembleias para essa quarta e quinta-feira, respectivamente. As três instituições empregam mais de 1 mil profissionais da saúde.
Conforme o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Serviços de Saúde (Sindisaúde-RS), Júlio Jesien, se os trabalhadores optarem pela deflagração de greve, ela se inicia 72 horas após o encerramento das assembleias.
Jesien esclarece que entre as razões que podem culminar na paralisação dos serviços está o não pagamento das verbas rescisórias nas transições de gestões que estão sendo operacionalizadas em Cachoeirinha e Alvorada; e a possível demissão de ao menos 200 funcionários sem indenização em Viamão. De acordo com o presidente do Sindicato, as dívidas trabalhistas podem ultrapassar a casa dos R$ 40 milhões. Valores que não deverão ser pagos pelo Instituto de Cardiologia, atualmente em recuperação judicial.
Além disso, a situação é ainda mais agravada pela retirada de recursos provenientes do Programa Assistir. “Nossa indignação é que dois hospitais de responsabilidade do Estado (Alvorada e Cachoeirinha) são repassados para o Cardiologia, que já vinha anunciando problemas financeiros e déficit. Desta forma, o governo abre mão daquele princípio constitucional de que a saúde é direito de todos e dever do Estado. Os hospitais estão se deteriorando, com fechamento de emergências e demissão de trabalhadores. Estes, servidores do Estado, que precisa assumir um compromisso junto aos trabalhadores”, argumenta o dirigente.
O Hospital Ana Nery, de Santa Cruz do Sul, deve assumir o Padre Jeremias, enquanto que a Associação João Paulo II vai gerenciar o hospital de Alvorada. Essa substituição deve acontecer entre os dias 1º e 8 de abril.
Ação
Em audiência na semana passada com o promotor de Justiça, Bill Jerônimo Scherer na Promotoria de Cachoeirinha, o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) relatou a grave situação que se encontra o Padre Jeremias, que está recebendo pacientes vindos da instituição de Alvorada, em transporte inadequado, acarretando na precarização do atendimento, já que o Hospital de Cachoeirinha não tem condições técnicas e de infraestrutura para atender a demanda. Após ouvir o relato do presidente do sindicato, o promotor informou que vai ingressar com uma ação conjunta, na Promotoria de Alvorada e na Promotoria Especializada de Porto Alegre, para que o Hospital de Alvorada e o Instituto de Cardiologia, sejam acionados, assim como a Secretaria Estadual da Saúde. O objetivo é que todas as partes prestem os esclarecimentos devidos sobre a situação denunciada pelo sindicato ao Ministério Público.